Avaliação de Burnout em Profissionais de Saúde da Unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve
DOI:
https://doi.org/10.51338/rppsm.532Palavras-chave:
Esgotamento Profissional, Esgotamento Psicológico, Profissionais de Saúde, Portugal, Stress OcupacionalResumo
Introdução: Os profissionais de saúde são um grupo particularmente suscetível ao desenvolvimento de burnout. São escassos os estudos publicados a avaliar esta problemática nos profissionais de saúde da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve. Este estudo pretende avaliar a prevalência desta síndrome, nas suas várias definições e dimensões e diferentes classes profissionais desta população, bem como identificar fatores sociodemográficos ou laborais associados a níveis elevados de burnout.Métodos: É um estudo observacional, transversal e quantitativo em profissionais de saúde da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, reunindo informações sociodemográficas e inerentes ao desempenho profissional e aplicando as versões validadas para a população portuguesa dos questionários Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey e 23-QVS Questionário de Vulnerabilidade ao Stress.
Resultados: O total de 200 respostas corresponde a 88 enfermeiros, 83 médicos e 29 técnicos superiores de saúde. A média de idades foi de 39 anos, com uma maioria do sexo feminino (75,5%). Identificamos uma prevalência de burnout de 16,5% (enfermeiros: 23,9%; médicos: 10,8%; TSDS: 10,3%). Apuramos níveis elevados de exaustão emocional, despersonalização e redução da realização profissional em, respetivamente, 68,5%, 30% e 34,5% dos profissionais. A mediana global do questionário 23-QVS foi 39 pontos, com vulnerabilidade ao stress (>43 pontos) em 37% da amostra. Profissionais com elevada exaustão emocional trabalharam, em média, mais 5 horas semanais que os restantes. O aumento de média de horas de trabalho aumenta risco de elevada exaustão emocional e despersonalização. Vulnerabilidade ao stress aumenta risco de níveis elevados das dimensões de burnout. Ser enfermeiro está associado a maior risco de burnout e a níveis elevados das suas dimensões.
Conclusão: Este estudo demonstrou níveis elevados de burnout numa proporção considerável dos profissionais, em particular nos enfermeiros. Constatou medianas das dimensões de burnout correspondentes a níveis elevados de exaustão emocional e despersonalização e moderados de redução da realização profissional, embora esta população não pontue, em mediana, para vulnerabilidade ao stress. Estes resultados reforçaram a importância da criação de uma consulta dirigida ao burnout nos profissionais de saúde da unidade de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
Downloads
Referências
Freudenberger HJ. Staff Burn-Out. J Soc Issues. 1974;30:159-65. doi: 10.1111/j.1540-4560.1974. tb00706.x. 13.
McCray LW, Cronholm PF, Bogner HR, Gallo JJ, Neill RA. Resident physician burnout: is there hope? Fam Med. 2008;40:626-32.
Maslach C, Jackson SE. The measurement of experienced burnout. J Organ Behav. 1981;2:99-113. doi: 10.1002/job.4030020205.
Maslach C, Jackson SE, Leiter M. Maslach Burnout Inventory Manual. 3rd ed. Palo Alto: Consulting Psychologists Press; 1996.
Maslach C, Leiter MP. Understanding the burnout experience: recent research and its implications for psychiatry. World Psychiatry. 2016;15:103-11. doi: 10.1002/wps.20311. 16.
World Health Organization. International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems. 11th ed. Geneve: WHO; 2019.
West CP, Dyrbye LN, Shanafelt TD. Physician burnout: contributors, consequences and solutions. J Intern Med. 2018;283:516-29. doi: 10.1111/joim.12752.
Bianchi R, Schonfeld IS, Laurent E. Burnout–depression overlap: A review. Clin Psychol Rev. 2015;36:28-41. doi: 10.1016/j.cpr.2015.01.004.
Center C, Davis M, Detre T, Ford DE, Hansbrough 18. W, Hendin H, et al. Confronting Depression and Suicide in Physicians: A Consensus Statement. JAMA. 2003;289:3161. doi: 10.1001/jama.289.23.3161.
Wang Z, Xie Z, Dai J, Zhang L, Huang Y, Chen B. Physician Burnout and Its Associated Factors: A Cross-sectional Study in Shanghai. J Occup Health. 19. 2014;56:73-83. doi: 10.1539/joh.13-0108-oa.
Rotenstein LS, Torre M, Ramos MA, Rosales RC, Guille C, Sen S, et al. Prevalence of Burnout 20. Among Physicians: A Systematic Review. JAMA. 2018;320:1131. doi: 10.1001/jama.2018.12777.
Hiver C, Villa A, Bellagamba G, Lehucher-Michel 21. MP. Burnout prevalence among European physicians: a systematic review and meta-analysis. Int Arch Occup Environ Health. 2022;95:259-73. doi: 10.1007/ s00420-021-01782-z.
Marcelino G, Cerveira JM, Carvalho I, Costa JA, Lopes M, Calado NE, et. Burnout levels among Portuguese family doctors: a nationwide survey. BMJ Open. 2012;2: e001050. doi: 10.1136/bmjopen-2012-001050.
Marôco J, Marôco AL, Leite E, Bastos C, Vazão MJ, Campos J. Burnout in Portuguese Healthcare Professionals: An Analysis at the National Level. Acta Méd Port. 2016;29:24-30. doi: 10.20344/amp.6460.
Bykov, KV, Zrazhevskaya IA, Topka EO, Peshkin VN, Dobrovolsky AP, Isaev RN, et al. Prevalence of burnout among psychiatrists: A systematic review and meta-analysis. J Affect Disord. 2022;308:47-64. doi: 10.1016/j.jad.2022.04.005.
Antao HS, Sacadura-Leite E, Correia AI, Figueira ML. Burnout in hospital healthcare workers after the second COVID-19 wave: Job tenure as a potential protective factor. Front Psychol. 2022;13. doi: 10.3389/ fpsyg.2022.942727.
Duarte I, Teixeira A, Castro L, Marina S, Ribeiro C, Jácome C, et al. Burnout among Portuguese healthcare workers during the COVID-19 pandemic. BMC Public Health. 2020;20:1885. doi: 10.1186/ s12889-020-09980-z.
Duarte I, Pinho R, Teixeira A, Martins V, Nunes R, Morgado H, et al. Impact of COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare workers during the first wave in Portugal: a cross-sectional and correlational study. BMJ Open. 2022;12: e064287. doi: 10.1136/ bmjopen-2022-064287.
Pereira J, Nave F. O Burnout nos profissionais de saúde do Centro Hospitalar do Algarve – Unidade de Faro. [Dissertação]. Faro: Universidade do Algarve; 2017.
Vaz-Serra A. Construção de uma escala para avaliar a vulnerabilidade ao stress: a 23 QVS. Psiquiatr Clin. 2000;21:279-308.
Mata C, Machado S, Moutinho A, Alexandra D. Estudo PreSBurn: prevalência de síndroma de burnout nos profissionais dos cuidados de saúde primários. Rev Port Med Geral Fam. 2016;32:179-86. doi: 10.32385/rpmgf.v32i3.11789.
Araújo AC, Silva AI, Reis C, Rodrigues D, Gomes MD, Rebelo M, et al. BurnoutCSP: impacto da pandemia COVID-19 nos cuidados de saúde primários. Rev Port Med Geral Fam. 2022;38:568-81. doi: 10.32385/ rpmgf.v38i6.13429.
Teixeira C, Ribeiro O, Fonseca AM, Carvalho AS. Burnout in intensive care units - a consideration of the possible prevalence and frequency of new risk factors: a descriptive correlational multicentre study. BMC Anesthesiol. 2013;13:38. doi: 10.1186/1471-2253-13-38.
Vala J, Pinto AM, Moreira S, Lopes RC, Januário P. Burnout na Classe Médica em Portugal: Perspetivas Psicológicas e Psicossociológicas - Relatório Final. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; 2017 May. [accessed Jan 2023] Availble at: http://hdl.handle.net/10400.20/2076.
Marques MM, Alves E, Queirós C, Norton P, Henriques A. The effect of profession on burnout in hospital staff. Occup Med. 2018;68:207-10. doi: 10.1093/ occmed/kqy039.
Murcho NÁC, Pacheco JEP. Caracterização do Burnout em profissionais de saúde em Portugal: um artigo de revisão. PSIQUE. 2020;16:8-23. doi: 10.26619/2183-4806.XVI.1.4.
Rothenberger DA. Physician Burnout and Well-Being: A Systematic Review and Framework for Action. Dis Colon Rectum. 2017;60:567-76. doi: 10.1097/ DCR.0000000000000844.