Psicose inicial: evolução clínica e psicossocial dos doentes em programa especializado, comparativamente ao tratamento habitual
DOI:
https://doi.org/10.51338/rppsm.2019.v5.i4.87Palavras-chave:
Diagnóstico Precoce, Esquizofrenia/diagnóstico, Esquizofrenia/tratamento, Fatores de Tempo, Intervenção Médica Precoce, Perturbações Psicóticas/diagnóstico, Perturbações Psicóticas/tratamento, PrognósticoResumo
Introdução: A par dos modelos nacionais e internacionais de intervenção na fase inicial das perturbações psicóticas, teve início, em 2010, um Programa de Intervenção Precoce em Psicose (PIPP) na instituição dos autores. Este proporciona um acompanhamento multidisciplinar intensivo, a doentes nos primeiros cinco anos de apresentação de sintomas psicóticos, visando otimizar a abordagem para que alcancem uma melhor recuperação e evolução. Foi objetivo do presente trabalho avaliar o impacto dessa intervenção especializada sobre a evolução dos doentes em fase inicial de uma perturbação psicótica.
Metodologia: Foi efetuado um estudo retrospetivo de um conjunto de variáveis clínicas e sociais de uma amostra de doentes admitidos consecutivamente no PIPP, desde 2010, por um diagnóstico de psicose com menos de cinco anos de evolução, e acompanhados durante os cinco anos seguintes no programa. Comparativamente, analisámos o comportamento das mesmas variáveis numa amostra histórica de doentes com psicose inicial tratados de forma genérica (N-PIPP), previamente à criação do programa. A análise estatística fez-se com recurso ao programa informático SPSS 22.
Resultados: Comparativamente ao grupo N-PIPP, os doentes do grupo PIPP apresentaram, ao fim de cinco anos, um risco significativamente menor de reinternamento (RR=0,33, p=0,043) e de abandono definitivo do tratamento (RR=0,21, p=0,011); e uma maior probabilidade de ocupação social ou profissional (RR= 1,83, p=0,048). Apresentaram também maior remissão sintomática apesar de não se ter apurado significância estatística nessa associação (RR= 1,33, p=0,184).
Conclusões: O acompanhamento dos doentes em fase de psicose inicial num programa especializado tem um efeito favorável na sua evolução clínica e social.
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